Retrato
© Nathan de Castro
Olho no espelho e vejo a face do poeta
— o outro, o que me olha de cara lavada —,
e, de repente, ali, sou eu ou quase nada,
apenas um silêncio, a noite e uma careta.
"Ainda-nem-rosto", a pele fria e esfacelada
pelas canções do tempo, busco na caneta
um canto que preencha a página incompleta
da con-fusão das vidas, na tela encenada.
Mas logo o meu poeta volta e rouba a cena,
diz que a palavra é amiga e nunca me condena
por ser fiel aos lagos límpidos e espelhos.
Fecho a janela e acendo as luzes dos cinemas.
Eis-me narciso, e neste palco os meus poemas
são sempre jovens. Tolos: nunca ficam velhos!
Olho no espelho e vejo a face do poeta
— o outro, o que me olha de cara lavada —,
e, de repente, ali, sou eu ou quase nada,
apenas um silêncio, a noite e uma careta.
"Ainda-nem-rosto", a pele fria e esfacelada
pelas canções do tempo, busco na caneta
um canto que preencha a página incompleta
da con-fusão das vidas, na tela encenada.
Mas logo o meu poeta volta e rouba a cena,
diz que a palavra é amiga e nunca me condena
por ser fiel aos lagos límpidos e espelhos.
Fecho a janela e acendo as luzes dos cinemas.
Eis-me narciso, e neste palco os meus poemas
são sempre jovens. Tolos: nunca ficam velhos!
1 Comments:
"mas logo o poeta volta e rouba a cena"... É essa a missão do poeta: roubar, nem que seja o sono, o suspiro de quem lê, ou algo assim...Parabéns Nathan! Juçara
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