Três poemas do amigo poeta Renato Silva - O Cidadão das Nuvens
A batalha das aranhas azuis
O meu golpe covarde (e certeiro)
pelas costas do inimigo
fez-se o ventre do qual
nasceram
milhares de estátuas
cada uma com o mesmo
par de olhos tristes que - ao
contrário de minha
boca - fecharei um dia.
Em todo onze de novembro
livres da inanimação graças
ao milagre anual
tais esculturas, em gangue, promovem
arruaças pelos
quatro cantos do mundo celebrando
o que a história não oficial
batizou :
A batalha das aranhas azuis -
Apedrejam vidraças universitárias
ao sul da Califórnia.
Na neve de Moscou, guerreiam, infantilmente.
As Tupiniquins disfarçadas
de escritores consagrados cometem
pequenos furtos
na lentidão dos semáforos.
Aos pés da Torre Eiffel (bem como
no ponto mais alto da Cordilheira
dos Andes) bebem
vinho comem
carneiro fumam
ópio tocam
flauta recitam
meus poemas e agradecem a Deus
pelo feriado não oficial.
Ao final do espetáculo voltam
cambaleando a seus postos e
misturadas às estátuas oficiais retomam
a certeza de que
quase nunca serão
notadas talvez
por um cachorro mijão
ou
sabe-se lá por
um universitário
extremamente
atento.
=====================================
A foto de um ácaro
Noite cinco estrelas
Noite menina
Noite bandeira da China
Menina me nina
antes do clarão
que é
bandeira Japão
Lua fatia
de melancia
Lua bandeira da Turquia
Num sonho bobo
lhe arranquei
bandeira u-é-sei
Para fincar a bandeira
de não levantar
jamais bandeira alguma
Lua moondo no fundo
no fundo o mundo
o mundo é coisa nenhuma
e quando digo estrela
é só metáfora a estrela, amor
Poderia ser o fundo
do mar o mar em outra cor
Por isso mesmo anteontem eu
ampliei -de tão sonhador-
a foto de um ácaro
mais de mil vezes no computador.
=====================================
Dilúvio
Nuvens carregadas de chuva
pelo vento carregadas
O céu deixa de ser azul uva
e passa a ser uva-passa
No dilúvio quero estar de luvas
pegar a gota e devolver ao céu
trocar a água por fanta-uva
pois sou abelha e me interessa o mel
O guarda-chuva é o guarda
me protege com a farda
(negra como a nuvem escura)
O guarda-chuva é o guarda
o meu fogo se resguarda
e fidelidade jura.
Cidadão das nuvens
Renato Silva
O meu golpe covarde (e certeiro)
pelas costas do inimigo
fez-se o ventre do qual
nasceram
milhares de estátuas
cada uma com o mesmo
par de olhos tristes que - ao
contrário de minha
boca - fecharei um dia.
Em todo onze de novembro
livres da inanimação graças
ao milagre anual
tais esculturas, em gangue, promovem
arruaças pelos
quatro cantos do mundo celebrando
o que a história não oficial
batizou :
A batalha das aranhas azuis -
Apedrejam vidraças universitárias
ao sul da Califórnia.
Na neve de Moscou, guerreiam, infantilmente.
As Tupiniquins disfarçadas
de escritores consagrados cometem
pequenos furtos
na lentidão dos semáforos.
Aos pés da Torre Eiffel (bem como
no ponto mais alto da Cordilheira
dos Andes) bebem
vinho comem
carneiro fumam
ópio tocam
flauta recitam
meus poemas e agradecem a Deus
pelo feriado não oficial.
Ao final do espetáculo voltam
cambaleando a seus postos e
misturadas às estátuas oficiais retomam
a certeza de que
quase nunca serão
notadas talvez
por um cachorro mijão
ou
sabe-se lá por
um universitário
extremamente
atento.
=====================================
A foto de um ácaro
Noite cinco estrelas
Noite menina
Noite bandeira da China
Menina me nina
antes do clarão
que é
bandeira Japão
Lua fatia
de melancia
Lua bandeira da Turquia
Num sonho bobo
lhe arranquei
bandeira u-é-sei
Para fincar a bandeira
de não levantar
jamais bandeira alguma
Lua moondo no fundo
no fundo o mundo
o mundo é coisa nenhuma
e quando digo estrela
é só metáfora a estrela, amor
Poderia ser o fundo
do mar o mar em outra cor
Por isso mesmo anteontem eu
ampliei -de tão sonhador-
a foto de um ácaro
mais de mil vezes no computador.
=====================================
Dilúvio
Nuvens carregadas de chuva
pelo vento carregadas
O céu deixa de ser azul uva
e passa a ser uva-passa
No dilúvio quero estar de luvas
pegar a gota e devolver ao céu
trocar a água por fanta-uva
pois sou abelha e me interessa o mel
O guarda-chuva é o guarda
me protege com a farda
(negra como a nuvem escura)
O guarda-chuva é o guarda
o meu fogo se resguarda
e fidelidade jura.
Cidadão das nuvens
Renato Silva
1 Comments:
Oi querido! O seu blog está cada vez melhor! Além de ter os seus lindos sonetos e poemas, vc tem convidado gente muito boa! Virei sempre, apesar de, às vezes, não comentar.
Bjão e excelente final de semana.
lis
Post a Comment
<< Home