Salamandra
Se o vento permitir e esta salamandra
sair do meu caminho,
daqui a três horas terei um encontro marcado
com mais uma noite de inverno.
O fogo?... O fogo apaga-se com água,
e água é o que não falta nas entrelinhas
dos meus sonetos ridículos.
Talvez uma pitada de sal transforme o verso em lágrima...
Cansado estou dessas linhas de saudades,
dessas prisões de letras transbordadas de luas
e estrelas seminuas que me lembram primaveras.
Uma mariposa pousou sobre o livro do Antoniel.
“De cada poro um poema”.
Mais um motivo para não faltar a esse encontro.
Ainda não terminei de ler.
O relógio continua com seus badalos ritmados.
Não posso me esquecer do encontro marcado
daqui a duas horas e quarenta e cinco minutos...
Desta vez, vou bem acompanhado.
A mariposa se foi... O vento parece estar a meu favor...
Somente a salamandra não sai do caminho.
Tem uma salamandra atrapalhando o verso,
e a rima do soneto chama a cantoria,
para brindar à noite e lapidar o dia
com as cores da tarde e frutos do universo.
Os passarinhos buscam as canções do berço,
as árvores se encolhem, trêmulas de frio,
e o meu poeta louco aceita o desafio...
Ele não sabe a letra sem rezar o terço.
A mariposa, o sal, o encontro, a água e o fogo
carecem de poesia e luz para que o jogo
de palavras não falte nas canções de amor.
Se há tempo de esperança, então que seja logo!
A música do vento exige nova flor,
e o relógio não sabe o verso e o seu sabor.
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