Wednesday, June 06, 2007

Miragem


© Nathan de Castro



Lembro-me dos tempos de sonhar.
Tinha um cheiro de eucaliptos no ar.
Abacateiros, jabuticabeiras e mangueiras
se vestiam de verde.
Tanto verde!... O mato, verde.
O riacho, verde. O mar, verde.
Todos os tons do verde.
Os sonhos verdes e a mágica do azul no céu
de cada outono.
Palavras não pingavam saudades.
Pingavam polpa de manga madura e deixavam
um sol amarelo no rosto das crianças
e nas camisetas do colégio estadual.
Sol de esperança.
Hoje, somente goiabas maduras, bichadas!
Bichos de silêncios na minha poesia
e um rio assoreado, singrando nos meus devaneios.
O amanhã?... O sorriso do peixe
e o grito da rosa tardia.
Apenas um poema sem tempo e sem métrica.
Bem sei que amanhã tem o sol dos desertos.
Talvez, algum oásis pelo meu caminho.
Nada é mais belo do que o sol de um novo dia
iluminando as palmeiras e sorvendo da água
cristalina.
Deliciosa é essa miragem com sabor de frutos maduros.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"...e eu ali, entre azuis, assistia ao romper de surpresas, que, feito bombas vazando vermelhas saudades, salpicavam em lilás."
(Giselle)

June 11, 2007 8:09 AM  
Blogger Sereia Noturna said...

Amigo poeta,

Para mim esta Miragem é sem dúvida entre todas aqui postadas a minha predileta... Parabéns!

August 28, 2007 11:22 PM  

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