Sampa à Mineira
© Nathan de Castro
Estação Tietê...
Um poeta mineiro entra calmamente no metrô
paulistano.
Tem muita gente... Gente de todos os
olhares, de todos os passos, de todos os
sonhos. Trabalhadores, retirantes,
estudantes, vagabundos. Poetas da
metrópole que dorme de terno e gravata,
de chapéu de palha, de mochila nas costas
e de farrapos de aguardente e cola.
Todos em busca da Sé.
Da Sé vai-se a qualquer parte da vida, a
qualquer parte da morte, a qualquer parte
do destino de viadutos e engarrafamentos.
Tem um grito de solidão no céu de chaminés,
um soluço de fumaça nos olhos vermelhos e
um brilho de garoa nos cabelos da menina.
Menina paulistana. Aquela, mesma, da
“deselegância discreta”, que Caetano cantou
no cruzamento da avenida Ipiranga e São João.
Estação da Sé...
Tem pouco espaço. Pouco espaço para os passos
apressados.
O destino pede passagem, e poeta mineiro que
se preze, não perde o trem. Adapta-se,
facilmente, ao ritmo do poema.
Poema livre e recuperado da Estação da Luz.
Poema de concreto pichado por todos os cantos.
Poema maquiado nos porões da ditadura.
Poema modernista da Avenida Paulista.
Poema verde do Ibirapuera.
Poema das canções de tantas Marias.
São tantos, que a vida acontece sem palavras
e acenos.
Mas um encontro de poetas espalha versos de
palavras e acenos nos jardins paulistanos.
Talvez, por ironia, no restaurante:
À Mineira.
2 Comments:
Prefiro minhas gerais de Minas Gerais. Ouro Preto, Mariana e etc...
Mas, vc enxergou poesia naquele caos de SP, estive pelos lugares citados, andei nos metrôs lotados e não abro mão do meu cantinho.
Ontem mesmo comia pamonha caseira... hummmmmmmmm !
Não foi de bobeira que citou o restaurante à mineira no final do poema!
Mas, mesmo assim ficou bonito!
beijos,
Lu
Oi, Nathan!!!
Lindo, lindo, lindo!!!
Vc me deixa sem palavras, vc é mestre. Parabéns!!!
Gostei de todas.
M Helena
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