Thursday, May 01, 2008

Pesadelo


© Nathan de Castro

Quando eu morri, havia um sol de outono
lambendo as frestas da janela do meu quarto.
Um corvo azul tocava um velho violoncelo,
sem cordas, com teclas de piano e dizia,
com a sua voz de cascalho, alguns dos
belos poemas que me encantaram, em vida.
Feliz, a luz dançava sobre o cedro do navio
e tinha, em suas mãos, o fogo da paixão!
Na barca dos amantes, o capitão gritava aos
sete ventos:
__Tempestade a vista!
E o mar, em silenciosa calmaria, me dizia,
com os olhos de montanha apaixonada:
__Vai, poeta, pirata das palavras, mergulha
e resgata os poemas que perdeu na viagem.
Uma gaivota pousou, sorrindo, na escotilha,
e acordei com uma vontade louca de caminhar
pelo Parque do Sabiá.

1 Comments:

Blogger Dalva Nascimento said...

Vim te visitar e ler teus escritos, dos quais gosto muito...

Beijos!

July 10, 2008 6:48 PM  

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