Monday, July 31, 2006

Manhãs: Arthur da Távola == Limbo: Elane Tomich


Manhãs

© Arthur da Távola


Manhãs indefinidas,
O Cisne de Tuonela
Vagueia na alma.
O vento está enigmático.

Manhãs sem sol,
Nem definição de vida,
Esparsas lembranças,
Atiçam o burlar deveres.

Manhãs molengas,
Somos todos interioridade,
Lembranças do ignoto
Sem alegria ou tristeza.

Manhãs brumosas
O céu indefinido.
Nenhuma cor predomina
Na alma estapafúrdia.

Manhãs ganhoperdidas
Na falta de vontade
E um torpor com algo de delícia
Pacifica a imposição do poema

Manhãs serenas
Nem preguiça nem ações
Espaço da alma em preparo,
Sem recados, alusões ou deveres.

Manhãs sorrateiras,
O bem e o mal em silêncio.
Uma dor que alivia
O susto de existir.

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Limbo

© Elane Tomich


Não, lá não tem telefone!
A estrada acaba em reta,
a música é de gramofone,
saída pequena e incerta
onde o adeus se aperta
num silêncio de renome.

Há mais janelas que portas.
Do mundo, imprecisa notícia,
assunto vago, não importa...
Há uma bruma propícia,
que encoberta o passado
trazendo idéias tortas
a um tempo pré-datado.

Não há caixa de correio.
Num espelho emoldurado,
futuro partido ao meio.

Um pouco dele é presente,
o resto é pura vigília
de flores de buganvília.
Ali a mentira não agita
aquilo que à carne grita
num resto de terra aderente.

Na casa desta charada
onde sorriu-me o sorriso
um anjo de asa quebrada
sem um pingo de juízo,
conduziu-me em travessia

à chegada da saída,
onde o medo se esvazia!

Não sei se é o que esqueço
dentro da minha saudade!
Algo em mim sabe o endereço
da minha perplexidade
Canta a ave do sono, insone,

a brisa sopra reticente,
desculpe! Esqueci meu nome,
mas acho que era Gente.

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