Friday, March 27, 2009

Versos sem tempo e espaço

© Nathan de Castro


Não cortarei a minha orelha,
não serei assassinado em New York,
não tomarei pílulas de cianureto,
não tomarei Demerol
e nem me entregarei ao sedutor e inconfundível
olhar de um precipício.
Não escreverei um poema que tenha na esquina
o olhar da menina comendo chocolate,
ou que tenha passagem livre para Pasárgada.
Nunca terei um corvo em meus umbrais.
Um cachorro late ao luar da madrugada
pobre de emoção.
Van Gogh canta “Imagine” e Lennon pinta os
campos, as árvores e as estrelas da noite de verão...
Preciso ouvir e gravar, em versos, somente os sons
dessas melodias celestiais. Loucuras, nada mais.
Uma locomotiva passou à porta da minha infância.
Guardei somente o apito e o ranger dos ferros
para compor este poema sem tempo e espaço.
Não cortarei a minha orelha,
não contarei os teus passos, não guardarei os meus
sonhos e nada mais espero dessas horas perdidas
à frente do meu eu tão pouco e que mora arrastado
pelos rios da poesia.


4 Comments:

Blogger Celso Mendes said...

Espetáculo de poema! A mim, tocou como a locomotiva que passava à porta de sua (e da minha) infância.

June 02, 2009 7:18 PM  
Blogger SERENATAS said...

para variar..amei seu poema...um abraço e continue mantendo seu blog ativo hein!!..

June 03, 2009 2:39 AM  
Blogger Jade said...

Andava com saudades do seu poeta.
Pensei que o deixara esquecido em alguma esquina de Uberaba. Ainda bem que ele continua aí, inspirado e inspirador. Amei tudo.
Se o leu, faça um comentariozinho do meu livro.
Não ligo se não for positivo. Será bom pra crescer e sempre estou crescendo um pouquinho. Um dia chegarei ao seu tamanho, poeta de Minas.

June 03, 2009 2:01 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oiiii lindo seu blog, e seus poemas...
Adoro sempre e apesar de não escrever muito você sempre será minha inspiração.
abraços e se cuide

June 07, 2009 10:09 PM  

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