Wednesday, February 21, 2007

Para que o amor acorde


© Nathan de Castro



Não basta reciclar latinhas de cerveja!
Há que se reciclar os sonhos e a magia
do amor maior, embora o amor maior não seja
o enredo das canções do nosso dia-a-dia.

Não basta replantar florestas... A peleja
exige a luta e a Terra livre da folia,
feita ganância louca, pouca e que apedreja
o olhar da natureza e as ramas da poesia.

Não bastam os discursos lançados ao vento,
se o sangue do Planeta exige novo estoque,
sem rimas de carbono e pragas no alimento...

O brilho da Poesia espera pelo toque
dos lábios de um poema azul de novo tempo,
para que o amor acorde e acalme o firmamento.

Tuesday, February 13, 2007

Previsão de Tempo

© Nathan de Castro


Tem um “mar morto” engarrafado em recipientes

de água mineral, enlatados, refrigerantes e bebidas
de todos os tipos.
Tem um “mar morto” dentro de caixas-d’água, piscinas,

redes de esgoto e de distribuição de água.
A Terra reclama. A Terra é um ser vivo e como tal,

precisa de água para sobreviver e o instinto de sobrevivência
fala alto.
Assistimos ao degelo polar, que nada mais é do que uma

defesa do Planeta. Falta água? Vamos ao degelo.
Há milhares de anos, os dinossauros ameaçaram a vida

da Terra e foram dizimados pelas células de defesa ou,
talvez, por algum remédio aplicado pela mãe Via Láctea.
Uma injeção de meteoros, por exemplo... Tratamento de choque.
As células de defesa se apresentam em forma de sinais da

natureza: furacões, tufões, terremotos, tsunamis e tantos mais...
Parece que não bastam para parar a ofensiva desse novo predador:

o homem.
Para um doente que caminha a passos largos para o estado

terminal, existe a necessidade de exterminar ou dizimar o vírus.
Esse vírus que fabrica gases tóxicos, agride as membranas do pulmão,
injeta bilhões de litros de esgotos por dia nas veias do planeta...
O mar, coração da Terra, continua a pulsar forte, mas o desequilíbrio

é evidente. O vírus continua a extrair daqui e transportar para outros
cantos do corpo terrestre, milhões de toneladas de ferro, petróleo,
madeira e tudo o mais que se possa transportar, inclusive para a
órbita do planeta.
As intermináveis queimadas provocam chagas profundas e lançam

na atmosfera a fumaça da destruição e a Terra chora chuvas ácidas.
A temperatura aumenta. A febre é quase insuportável e a Lua,

impassível, assiste atordoada à mudança das cores do Planeta Mãe.
Não. A Terra já não é azul.
Tem um cinza envolvendo a poesia dos mares e montanhas.

Tem concreto demais, tem asfalto demais e os poros obstruídos
provocam as enchentes dos rios. As metrópoles sofrem.
As águas descem a ladeira da velha cidade.
Uma criança brinca de chutar a enxurrada. A esperança está ali,

nos pés e mãos da criança que traz o sorriso e o brilho da poesia
nos olhos.
Infelizmente, a vacina vence. A criança cresce e as palavras não

chegam aos ouvidos das células detentoras do poder.
No peito do poeta fica um vazio de mil beijos lançados ao vento

e a sensação de impotência, quando o planeta pede colo.
A previsão é de mais um dia de sol.

A Terra pede colo e a lua estende o manto
da morte sobre o corpo da Mãe Natureza...
Se a morte pode o beijo, o abraço e o acalanto,
pode o destino, o sol e os lábios da nobreza.

Se a vida é uma canção sem volta, todo pranto
é inútil, pouco e cabe no olhar de tristeza
da estrela que admite os sons de novo canto,
para cumprir a sina e a escrita sobre a mesa.

É preciso voltar ao tempo das cavernas!
Reescrever a história do planeta Terra
com tintas de poesia em telas de mudanças.

É preciso salvar o verbo e essas eternas
poeiras de paixões, o ar, o mar e a serra,

para evitar que o homem mate as esperanças.