Tuesday, December 26, 2006

Ave, Poesia!


© Nathan de Castro


Se o verso bate à porta da emoção,
abro o poema e chamo a ventania.
As penas das tristezas, na canção,
parecem-me mais leves co’a sangria.

Os pássaros, nos passos da estação,
soltam os seus trinados e a harmonia
da nuvem, com a tarde de verão,
deságua um temporal... Ave, Poesia!

Silêncio na palavra!... O sol descreve
o romance do encontro co’as estrelas,
e o Verso abraça a noite do planeta...

O instante é primoroso, o olhar tão breve,
que o lusco-fusco, a brisa e as aquarelas
não cabem nas palavras de um poeta.

Friday, December 15, 2006

Pata Pata ( Para Sivuca na sua viagem )


© Nathan de Castro


Cavouca essa sanfona... Vai Sivuca!
Do outro lado existe um novo frevo,
o choro é belo e nunca funde a cuca
do violeiro que acompanha... Atrevo-

me a dizer que a canção que ora machuca,
é uma canção de estrelas sem enlevo:
pequena para a mágica peruca,
tão grande para a página que escrevo.

O arranjo no infinito é Estrela Maga
e a melodia é o fruto das viagens...
Paixão de acordes, luas e voragens.

Adeus, Maria F’lô!... Luiz Gonzaga
lhe aguarda para o baile e a serenata
Aqui fica o forró, o frevo e a “Pata”...

Tuesday, December 05, 2006

Para Falar de Amor às Madrugadas


© Nathan de Castro


Teu corpo tem as curvas do oriente,
as flores dos desertos, as canções
de oásis perfumados e o repente
de todos os luares das paixões.

Teu corpo é fogo de estrela cadente,
sabor de amêndoas, favos e emoções:
_indecifrável fruto da serpente
que abriga sóis de mil e um vulcões!_

Teu corpo é essa poesia que derramo
para falar de amor às madrugadas.
-Coisa saudade é coisa de alvoradas!...-

O mato espera os beijos que declamo
e nada pode as contas do reclamo:
__ Vem, meu amor, compor nossas estradas!

Friday, December 01, 2006

Amor à Beira-mar


© Nathan de Castro


Preciso sussurrar aos teus ouvidos,
dizer-te um calhamaço de besteiras
e ouvir de volta os beijos e os sonidos
da rouca voz de línguas feiticeiras.

Preciso amar-te sem eiras nem beiras,
rasgar tua roupa e, em rimas de tecidos,
prender-te à minha pele... Prisioneiras:
a Estrela, a Lua e as contas dos sentidos!

Essa distância é triste e os azulejos
tão frios não comportam a poesia,
que acende, a cada noite, a fantasia...

Os lábios pedem sonhos sertanejos,
mas nada pode os versos e os desejos:
o amor também é areia e maresia!