Saturday, July 25, 2009

O Ipê Rosa

© Nathan de Castro


Um Ipê Rosa enfeita a vista da minha janela.
A todo julho ele se veste de rosa para me lembrar que está lá,
e que sabe muito mais sobre a poesia dos meus dias
do que eu sei sobre a poesia da tela do poema
que ele se me apresenta, a cada ano.
Os meus versos preferem o Ipê roxo!
O meu poeta prefere o amarelo.
Mas quem comanda as letras tem as cores de uma
árvore perdida no tempo.
O Ipê Rosa parece saber, e...
Lá está ele, o Ipê Rosa, a todo ano, a todo inverno, com o seu olhar
de florada rosa, a me lembrar dos lábios cor-de-rosa da paixão.
Como era bela a poesia daquelas tardes!

Tuesday, July 21, 2009

De Saudade, de Loucura e de Poesia

© Nathan de Castro


Não, amor, eu não sou louco!
Sou somente um viajante do tempo à procura dos teus lábios.
Certo que não atendi ao teu chamado mas, naquela época,
eu nada sabia sobre as cores da estrada...
Eu só sabia do medo das curvas e da chuva que molhava
e desenhava poças nos buracos da estrada.
Não, amor, eu não me tornei poeta!
Somente brinco na lama, carregando pianos e palavras.
Sequer sei as notas da canção escondida nas cordas
desafinadas do soneto após o próximo trevo.
Não, amor, eu não me esqueci das nossas músicas!
Todos os dias, os discos rodam por diversas vezes no toca-discos
do meu coração.
Não, amor, eu não sou louco!
Quero somente asas para voar e pousar na poesia dos teus beijos.
De amor eu quero somente o poema de dizer, olhando
nos teus olhos:
__Não, amor, eu não sou louco, mas sei que o amor existe,
e ele tem o sabor e o perfume do teu corpo embebido da poesia
dos meus devaneios.
Não, amor, eu não sou louco, e não sou poeta!...
Sou somente um verso apaixonado pela estrela.
Não, amor... Não digas não à minha poesia!
Ela é a minha única amiga, e somente ela sabe os segredos
desse trilho gravado nas entranhas da loucura, e que vaga
pelos vales silenciosos dos misterios da paixão.
Não, amor, eu não sou louco!
Mas sei que o meu último e definitivo poema não pode acontecer
sem os lábios da tua poesia.