Ave, Poesia!
© Nathan de CastroSe o verso bate à porta da emoção,
abro o poema e chamo a ventania.
As penas das tristezas, na canção,
parecem-me mais leves co’a sangria.
Os pássaros, nos passos da estação,
soltam os seus trinados e a harmonia
da nuvem, com a tarde de verão,
deságua um temporal... Ave, Poesia!
Silêncio na palavra!... O sol descreve
o romance do encontro co’as estrelas,
e o Verso abraça a noite do planeta...
O instante é primoroso, o olhar tão breve,
que o lusco-fusco, a brisa e as aquarelas
não cabem nas palavras de um poeta.
Pata Pata ( Para Sivuca na sua viagem )
© Nathan de CastroCavouca essa sanfona... Vai Sivuca!
Do outro lado existe um novo frevo,
o choro é belo e nunca funde a cuca
do violeiro que acompanha... Atrevo-
me a dizer que a canção que ora machuca,
é uma canção de estrelas sem enlevo:
pequena para a mágica peruca,
tão grande para a página que escrevo.
O arranjo no infinito é Estrela Maga
e a melodia é o fruto das viagens...
Paixão de acordes, luas e voragens.
Adeus, Maria F’lô!... Luiz Gonzaga
lhe aguarda para o baile e a serenata
Aqui fica o forró, o frevo e a “Pata”...
Para Falar de Amor às Madrugadas
© Nathan de CastroTeu corpo tem as curvas do oriente, as flores dos desertos, as canções de oásis perfumados e o repente de todos os luares das paixões. Teu corpo é fogo de estrela cadente, sabor de amêndoas, favos e emoções: _indecifrável fruto da serpente que abriga sóis de mil e um vulcões!_ Teu corpo é essa poesia que derramo para falar de amor às madrugadas. -Coisa saudade é coisa de alvoradas!...- O mato espera os beijos que declamo
e nada pode as contas do reclamo:
__ Vem, meu amor, compor nossas estradas!
Amor à Beira-mar
© Nathan de CastroPreciso sussurrar aos teus ouvidos, dizer-te um calhamaço de besteiras e ouvir de volta os beijos e os sonidos da rouca voz de línguas feiticeiras. Preciso amar-te sem eiras nem beiras, rasgar tua roupa e, em rimas de tecidos, prender-te à minha pele... Prisioneiras: a Estrela, a Lua e as contas dos sentidos! Essa distância é triste e os azulejos tão frios não comportam a poesia, que acende, a cada noite, a fantasia... Os lábios pedem sonhos sertanejos, mas nada pode os versos e os desejos: o amor também é areia e maresia!